
Se Sócrates visse isso, talvez ele reproduzisse a mesma resposta que dava, séculos antes de Cristo, quando os comerciantes perguntavam o que ele estava fazendo andando pelas ruas do comércio de Atenas. Quando era assediado por vendedores, respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz”. Agora, sendo bem sincero, e independente de gostos e “achismos” sobre necessidades humanas, você precisa de mais de 500 pares de sapatos para ser feliz?
A certeza que tenho é que, sem dúvida, ela contribuiu para o primeiro alerta, dado em 2009, pela organização internacional Global Footprint Network, onde foi afirmado que a Terra precisa de quase 18 meses para produzir os “serviços ecológicos” que os quase 7 bilhões de humanos utilizam em um ano. Se outras “colecionadoras” resolverem fazer o mesmo, precisaremos na década de 2030, de duas Terras para atender a nossa demanda anual. Esse dado foi reafirmado esse ano pelo Worldwatch Institute, no relatório State of the World 2010 – Transforming Cultures: From Consumerism to Sustainability (Estado do Mundo 2010 – Transformando Culturas: do Consumismo à Sustentabilidade), onde os 60 autores que assinaram sugerem, em meio a vários demonstrativos, gráficos e análises, mudanças profundas e difíceis, mas necessárias na mente humana e na forma como ela ver o consumo.
E olha que nem estamos falando do potencial consumidor das quase 7 bilhões de pessoas que vivem no planeta, mas sim, de apenas 2 bilhões que podem e/ou precisam consumir com mais sensatez e economia de recursos. O estudo afirma também que a discussão sobre o aquecimento global deve está atrelada a um padrão mais simples de vida. “Para prosperar no futuro, as sociedades humanas terão de mudar suas culturas a fim de que a sustentabilidade se transforme na norma e o consumo excessivo, em tabu”, afirma Erik Assadorium, diretor do relatório.
A grande parte dos “serviços ecológicos”, cerca de 78%, são utilizados por apenas 16% da população mundial, que se encontram em apenas 65 países. Onde, alguns, como os EUA, consomem 32% desses serviços com apenas 5% da população mundial. Porém, o relatório também demonstra que alguns padrões de consumo, como da Tailândia e da Jordânia já superam o nível adequado. Sem falar, nos “potenciais consumidores” que estão representados pela nossa ascendente classe média e demais vindos da China e Índia, no qual resultam em dados imprevisíveis no relatório.
Em meio aos fatos, há também muita luz sendo acesa. O sociólogo italiano Franco Ferrarotto afirma já ser possível detectar as mudanças nos padrões de consumo após a crise, que antes era financeira e passou a ser produtiva. Fora isso, zapeando pela internet e outros meios de informação, você percebe essa outra força nascendo, a que consegue unir pensamentos e atitudes pelo bem da humanidade. Há projetos de consumo voltados a sensibilização de crianças (http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/Home.aspx ) Espaços de discussão (http://www.ecodebate.com.br ) e, inclusive gestores que, como bons gestores que são, sabem perceber as novas tendências do mercado e da sociedade (http://blogmais.wordpress.com/2009/01/28/responsabilidade-ambiental-ranking-de-empresas-verdes/ ). Não tenho como comprovar a efetividade dessas iniciativas, mas os resultados são reconhecidos.
Depois de tudo isso, enquanto administrador, eu estou refletindo sobre outro desafio. Como vender, comercializar e atrair clientes com o possível fim da era do desperdício. ?????
Confesso que depois que escrevi isso, precisei rever minha coleção de DVDs, de action-figures e de revistas em quadrinhos. Uma já consegui me desfazer. Hoje leio meus quadrinhos todos on-line...muito melhor. É difícil, mas agente consegue!
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