sexta-feira, 14 de maio de 2010

Consumo Insustentável parte 2

Imelda Marcos, a mais famosa colecionadora de sapatos do mundo, ex-primeira dama das Filipinas representa o sonho de consumidor para muitas empresas, mas também um grande símbolo de uma postura que precisa ser mudada radicalmente. No seu “Museu de Sapatos” da Cidade de Marikina, ela expõe centenas de pares de sapatos, muitos encontrados no palácio presidencial quando Imelda e seu marido, o presidente Ferdinand Marcos, fugiram das Filipinas, em 1986.


           Se Sócrates visse isso, talvez ele reproduzisse a mesma resposta que dava, séculos antes de Cristo, quando os comerciantes perguntavam o que ele estava fazendo andando pelas ruas do comércio de Atenas. Quando era assediado por vendedores, respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz”. Agora, sendo bem sincero, e independente de gostos e “achismos” sobre necessidades humanas, você precisa de mais de 500 pares de sapatos para ser feliz?
           A certeza que tenho é que, sem dúvida, ela contribuiu para o primeiro alerta, dado em 2009, pela organização internacional Global Footprint Network, onde foi afirmado que a Terra precisa de quase 18 meses para produzir os “serviços ecológicos” que os quase 7 bilhões de humanos utilizam em um ano. Se outras “colecionadoras” resolverem fazer o mesmo, precisaremos na década de 2030, de duas Terras para atender a nossa demanda anual. Esse dado foi reafirmado esse ano pelo Worldwatch Institute, no relatório State of the World 2010 – Transforming Cultures: From Consumerism to Sustainability (Estado do Mundo 2010 – Transformando Culturas: do Consumismo à Sustentabilidade), onde os 60 autores que assinaram sugerem, em meio a vários demonstrativos, gráficos e análises, mudanças profundas e difíceis, mas necessárias na mente humana e na forma como ela ver o consumo.
            E olha que nem estamos falando do potencial consumidor das quase 7 bilhões de pessoas que vivem no planeta, mas sim, de apenas 2 bilhões que podem e/ou precisam consumir com mais sensatez e economia de recursos. O estudo afirma também que a discussão sobre o aquecimento global deve está atrelada a um padrão mais simples de vida. “Para prosperar no futuro, as sociedades humanas terão de mudar suas culturas a fim de que a sustentabilidade se transforme na norma e o consumo excessivo, em tabu”, afirma Erik Assadorium, diretor do relatório.
            A grande parte dos “serviços ecológicos”, cerca de 78%, são utilizados por apenas 16% da população mundial, que se encontram em apenas 65 países. Onde, alguns, como os EUA, consomem 32% desses serviços com apenas 5% da população mundial. Porém, o relatório também demonstra que alguns padrões de consumo, como da Tailândia e da Jordânia já superam o nível adequado. Sem falar, nos “potenciais consumidores” que estão representados pela nossa ascendente classe média e demais vindos da China e Índia, no qual resultam em dados imprevisíveis no relatório.
            Em meio aos fatos, há também muita luz sendo acesa. O sociólogo italiano Franco Ferrarotto afirma já ser possível detectar as mudanças nos padrões de consumo após a crise, que antes era financeira e passou a ser produtiva. Fora isso, zapeando pela internet e outros meios de informação, você percebe essa outra força nascendo, a que consegue unir pensamentos e atitudes pelo bem da humanidade. Há projetos de consumo voltados a sensibilização de crianças (http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/Home.aspx ) Espaços de discussão (http://www.ecodebate.com.br ) e, inclusive gestores que, como bons gestores que são, sabem perceber as novas tendências do mercado e da sociedade (http://blogmais.wordpress.com/2009/01/28/responsabilidade-ambiental-ranking-de-empresas-verdes/ ). Não tenho como comprovar a efetividade dessas iniciativas, mas os resultados são reconhecidos.

         Depois de tudo isso, enquanto administrador, eu estou refletindo sobre outro desafio. Como vender, comercializar e atrair clientes com o possível fim da era do desperdício. ?????

Confesso que depois que escrevi isso, precisei rever minha coleção de DVDs, de action-figures e de revistas em quadrinhos. Uma já consegui me desfazer. Hoje leio meus quadrinhos todos on-line...muito melhor. É difícil, mas agente consegue!

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