quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Indivíduos, “Multivíduos” e trabalho em equipe.


               Pela própria natureza humana, nos caracterizamos como pessoas individualizadas, pessoas únicas e até algumas vezes, egoístas. Alguns evolucionistas, como o inglês Richard Dawking, afirmam inclusive que o egoísmo humano pode ser genético, pois é nesse gene que se conserva o instinto da auto-preservação. Porém, desse mesmo pensamento surge uma inoportuna realidade – o próprio gene vive em grupo, e assim como nós, seres humanos, nos protegemos também em grupo. E mesmo na dureza dos nossos sentimentos não podemos discordar do fato que o ônibus que andamos, o cafezinho que tomamos e todo o mais que nos servem para algo foi feito, pensado e/ou criado por outrem.  Esse olhar do outro, para o consultor empresarial Antonio Stanziani, é o “princípio do reconhecimento da vizinhança”.
                Diferente do que alguns estejam achando, é bom deixar claro que o individualismo, diferente do “egoísmo” apresentado aqui é sim um grande mal na sociedade atual. Pois, com pessoas cada vez mais individualistas, menos pessoas dispostas a se sacrificar pelo outro. Da mesma forma, que quanto mais tivermos os nossos males resolvidos, mais teremos condições de ajudar o próximo. Nesse ponto é que encontramos o “egoísmo equilibrado”.
                No ambiente de trabalho, o indivíduo e o coletivo são sempre muito ressaltados. Os diversos treinamentos que realizamos, autores que lemos e historinhas que nos contam sobre o sucesso de trabalho em equipe não são a toa. O entrosamento de uma equipe significa de forma direta o sucesso ou o insucesso de um processo. A própria corporação, grupos informais, cooperativas ou qualquer outro tipo de organização nasce da necessidade de unir esforços individuais em busca de um objetivo - A união para algo que não se pode fazer só.
                Mas não é tão simples. Algumas vezes, o individualista percebe o erro, mas se omiti sem agir. Algumas vezes, o egoísta percebe o erro, mas mesmo assim ajuda, pois sabe que o apoio e a ajuda são mais importantes. E algumas vezes, o altruísta percebe o erro, e prontamente ajuda, pelo simples fato de pertencer ao lado mais “humanizado” que possui.
                Essa diversidade, talvez seja uma das características mais interessantes da humanidade. Mesmo indivíduos – com particularidades, crenças e valores, somos “multivíduos” – seres complexos, donos de identidades móveis, capazes de enxergar um mesmo fato sobre diversas facetas. E dentro dos diversos grupos que participamos, sempre preservamos os nossos valores, mas poderemos agir de diversas formas, ora vamos preferir nos preservar, ora vamos ser mais libertos. O mais importante é reconhecer sempre que a natureza humana é passível dessas várias facetas. As vezes, nos momentos mais escuros, conseguimos ressaltar o lado mais belo.

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