sexta-feira, 16 de abril de 2010

Além do capitalismo - A hora da Empresa Cidadã!

"Enquanto uma empresa não abraçar uma causa maior e mais abrangente do que o enriquecimento dos acionistas, terá poucos líderes de peso; é mais provável encontrá-los nas arenas das ONGs do terceiro setor. Se esse for o caso, o terceiro setor poderá ser o local de treinamento empresarial e talvez político"

Charles Handy
           Apelidado de Filósofo da Gestão, o Professor da London Bussinesse School Charles Handy traz na obra "Além do Capitalismo" uma visão sobre o capitalismo como sistema econômico que verdadeiramente proporcionou inegáveis benefícios materiais, porém também provocou uma separação gritante entre ricos e pobres, o que tem se agravado gradativamente. Como prova disso, há um dado allarmante que indica que um terço da população está desempregada. Outro dado significativo é que 70% do comércio mundial estão nas mãos de apenas 500 empresas. O capitalismo provoca expectativas de crescimento constante. No entanto, isto não vai acontecer indefinidamente. E isto pode agravar as condições de vida das pessoas. A valorização do dinheiro é excessiva. Charles Handy argumenta que os valores de sustentação devem ser modificados em favor da qualidade de vida para todos. Os valores de mercado devem ser modificados.
             De forma ousada, o professor afirma que o capitalismo precisa ser reinterpretado para tornar-se decente, e as empresas, que são as instituições-chave do capitalismo, precisam ser repensadas. A educação precisa ser reformulada para nos preparar para uma maior responsabilidade pessoal. O governo precisa retribuir responsabilidade ao seu povo. Somente assim poderemos sentir que a vida e a sociedade podem ser moldadas por nós. Se isso acontecesse, nossos valores poderiam ditar a maneira pela qual as coisas funcionam, e não o inverso.
              Seguindo esse pensamento, o consultor e executivo Brian Bacon - pioneiro e líder no pensamento sobre o papel das empresas na sociedade - afirma que as "empresas cidadãs" assumiram um novo papel na sociedade. Pois, diferente do que as escolas ensinaram, o pensamento empresarial evoluiu muito desde as primieras idéias impementadas pela Revolução Industrial. Por exemplo, primeiro houve a era das características. As coisas tinham de ser somente funcionais. Depois, veio a era das necessidades emocionais. Estamos saindo dela, porém ela ainda está presente em muitos comerciais de TV: o que aquele produto ou serviço irá fazer para que eu me sinta bem? E agora está surgindo a era das necessidades do cidadão. As pessoas entendem que não são apenas clientes, são pais, filhos e cidadãos que buscam produtos que sejam parte da solução.
                O consultor ainda afirma que as diversas crises foram pontos decisivos para os líderes e gestores se reinventarem. Um exemplo citado por ele foi a consultoria realizada na McDonald´s: "Um de meus recentes clientes foi o McDonald’s. Apesar de ser vegetariano há 23 anos, trabalhei para eles. Charlie Bell, o CEO da rede de lanchonetes, é meu amigo. Mal assumiu o cargo, e os maiores acionistas já queriam saber o que ele iria fazer para combater o problema de imagem da empresa: vender comida que faz mal, engorda, essas coisas. Ele afirmou para a assembleia que o McDonald’s não tinha problema algum de imagem. Insistiram falando de protestos e estudos em jornais. E ele continuou: “Não há problema algum de imagem, mas um de realidade. É impossível afirmar se o McDonald’s é ou não parte do problema da má alimentação mundial. Mas, com toda certeza, a partir de hoje, seremos parte da solução”. Então, começou a fazer campanhas de exercícios e colocar alternativas mais saudáveis no cardápio. Charlie teve mente aberta, caráter e disposição para mudar as coisas." - (Na minha opinião, continua vendendo produtos de péssima qualidade, apesar da Pesquisa Top-of-mind ou lembrança funcionar bem)
              

P.S. Tirando o exemplo da McDonald`s que, para mim, apenas segmentou os seus produtos para continuar vendendo as "comidas que fazem mal", esperemos que em meio a tantas crises (ambientais, sociais, econômicas e políticas), as empresas assuman, definitivamente, a sua co-responsabilidade na sociedade. E que nós - eu me incluo nessa afirmativa - possamos abrir de forma transcendente nossa visão em relação a vida. Precisamos deixar de achar que o dinheiro colore tudo o que fazemos. Ele é apenas meio de vida e não seu objetivo principal.
"Deve haver algo que possamos fazer para restaurar o equilíbrio" Charles Handy.

Eu ainda não sei! :(

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